quinta-feira, 15 de junho de 2017

Aloe Vera puro é tóxico?


Conforme liberação da ANVISA, ( Informe Técnico n. 27, de 15 de junho de 2007 ), a Forever Living é a única empresa autorizada a vender produtos a base de Aloe Vera/Babosa ESTABILIZADA em todo o Brasil. 

  

Apresentação

Espaço para a apresentação e análise de estudos e pesquisas de alunos da UFRJ, disciplina Bromatologia em Saúde, resultantes da adoção do Método de Educação Tutorial, com o objetivo de difundir informações e orientações sobre Química, Toxicologia e Tecnologia de Alimentos.

LabConsS - Laboratório de Vida Urbana, Consumo & Saúde, criado e operado pelo Grupo PET-SESu/Farmácia & Saúde Pública da UFRJ.Nesse contexto, quando se fala em Química e Tecnologia de Alimentos, se privilegia um olhar "Farmacêutico", um olhar "Sanitário", um olhar socialmente orientado e oriundo do universo do "Consumerismo e Saúde", em vez de apenas um reducionista Olhar Tecnológico.

Aloe vera: só pode cheirar, comer nem pensar!

A espécie vegetal Aloe vera, popularmente conhecida como babosa, teve recentemente a comercialização, importação, fabricação e distribuição proibidas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária quando sob a forma de alimentos e bebidas. A proibição foi calcada na alegação de que os benefícios desta planta não são cientificamente comprovados, tal como a segurança da mesma.
Tá. A justificativa é até aceitável: proibir a comercialização de uma espécie quando seus efeitos sobre o organismo são questionáveis é o que se espera de um Órgão Regulador. O que é estranho é o fato de cosméticos e produtos de limpeza ainda poderem ter em sua composição a babosa. Será, então, que apenas a administração via oral oferece riscos ao indivíduo? É comprovado, então, que o uso tópico ou a inalação são inócuos ao organismo? 


A espécie vegetal Aloe vera, popularmente conhecida como babosa, teve recentemente a comercialização, importação, fabricação e distribuição proibidas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária quando sob a forma de alimentos e bebidas. A proibição foi calcada na alegação de que os benefícios desta planta não são cientificamente comprovados, tal como a segurança da mesma.
Tá. A justificativa é até aceitável: proibir a comercialização de uma espécie quando seus efeitos sobre o organismo são questionáveis é o que se espera de um Órgão Regulador. O que é estranho é o fato de cosméticos e produtos de limpeza ainda poderem ter em sua composição a babosa. Será, então, que apenas a administração via oral oferece riscos ao indivíduo? É comprovado, então, que o uso tópico ou a inalação são inócuos ao organismo?


Descrição

Por muitos séculos pessoas do mundo inteiro vêm consumindo a babosa por acreditarem em suas propriedades benéficas à saúde. No entanto, atualmente esses benefícios vêm sendo questionados e, por isso, a ANVISA proibiu a comercialização dessa espécie como alimento. Ainda assim, a Aloe vera continua sendo comercializada, como já mencionado, sob a forma de cosméticos e produtos de limpeza.
Existem mais de 500 empresas no mundo que fabricam produtos de Aloe Vera para uso oral e tópico, com rótulos que dizem conter babosa. É relatado por alguns autores que as opiniões dos usuários em sua grande maioria não satisfatórias. Os principais motivos que fazem com que isso aconteça são: (1) utilização da espécie que não seja a correta (2) utilização da casca -perigo do aloín- (3) ao passar o gel de aloe vera para vasilhame perde-se parte do seu aporte nutricional -estabilização- (4) os vasilhames onde é colocado o produto não são adequados (5) mistura de aloe vera com água, álcool, corantes e conservantes artificiais (6) baixo percentual de Aloe Vera no produto, não tendo o efeito terapêutico esperado (7) sem contole dos órgãos responsáveis, como o FDA, IASC, etc.

Conforme liberação da ANVISA, ( Informe Técnico n. 27, de 15 de junho de 2007 ), a Forever Living é a única empresa autorizada a vender produtos a base de Aloe Vera/Babosa ESTABILIZADA em todo o Brasil.



Fundamentos bromatológicos

O interior das folhas da Aloe vera é rico em polissacarídeos, que lhe conferem a típica consistência viscosa, de onde surgiu o nome de babosa. Nessa mucilagem ou gel estão presentes os princípios ativos – tecidos orgânicos, enzimas, vitaminas, sais minerais e aminoácidos. Um componente muito típico da babosa é o polissacarídeos acemannan que, segundo a FDA (Food and Drug Administracion), é um imunoestimulante.
Na casca, encontra-se a seiva, rica em aloína, alantoína e antraquinonas, que são excelentes cicatrizantes. Alguns estudos apontam para um risco em seu consumo interno. Com este consumo, pode surgir um efeito catártico e, ainda, para algumas pessoas pode afetar os rins, motivo pelo qual se alega que a casca da babosa ou sua seiva não devem ser usadas internamente.
A Aloe vera contém derivados antracênicos, enzimas superóxido dismutase, alcalóides e antraquinonas. No gel de Aloe vera, os carboidratos (polissacarídios) são os principais componentes e compreendem aproximadamente 20% dos sólidos totais nas folhas da Aloe vera. Além disso, existem vinte proteínas de distintas classes, associadas com o polissacarídeo. Entre os principais componentes químicos das folhas de Aloe vera se encontram derivados da 1,8 dihidroxiantraquinona. Estes são encontrados em sua forma livre (aloeemodina, ácido crisofámico) e como C-glucosideos e ramnosideos, entre os quais se destacam a barbaloína e isobarbaloína e os aloinosideos A e B, que originam aloeemodina- antrona como aglicona ao hidrolizar-se. No entanto, não há um padrão na composição dos produtos a base de Aloe vera, pois há grande diversidade na forma de obtenção desses produtos.
No Brasil o uso da babosa é predominantemente visto em receitas tradicionais de tratamento capilar. Já em locais como México, Japão, Rússia e Estados Unidos, o uso da babosa é corriqueiro, inclusive sob a forma de salada. Por essa razão, tem-se, então, muitos cientistas dedicando seu tempo na busca de confirmações dos poderes de cura da babosa para muitas enfermidades, principalmente às de origem degenerativa.

Legislação

O informe técnico nº 47, de 16 de novembro de 2011, veio fornecer esclarecimentos sobre comercialização de Aloe vera (babosa) e suas avaliações de segurança realizadas na área de alimentos da Anvisa. Algumas providências do informe estão descritas abaixo.
No Brasil, produtos à base de Aloe vera de uso tópico estão autorizados como fitoterápico para cicatrização. No entanto, não há registro de medicamento a base de Aloe vera para uso oral (Carvalho, 2008). Ademais, produtos a base de Aloe vera não possuem tradição de consumo no país como alimento e, portanto, devem ser avaliados quanto a sua segurança de uso na categoria de novos alimentos.
De acordo com a Resolução n.16/1999, novos alimentos são aqueles sem tradição de consumo no país, aqueles que contenham novos ingredientes, aqueles contendo substâncias já consumidas e que, entretanto venham a ser adicionadas ou utilizadas em níveis muito superiores aos atualmente observados nos alimentos que compõem uma dieta regular.
Segundo esse informe técnico, A Anvisa já analisou petição de registro de alimento a base de Aloe vera, mas a documentação científica apresentada foi insuficiente para demonstrar a segurança de uso. Além disso, os artigos científicos constantes da petição traziam efeitos medicamentosos para a Aloe vera. Assim, a petição foi indeferida e até o momento não há produtos a base de Aloe vera aprovados na área de alimentos.
Algumas empresas de bebidas que estão regulares perante o MAPA (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento) tem utilizado o número de registro do estabelecimento nos rótulos de suco de Aloe vera e os consumidores estão sendo induzidos a adquirir o suco de Aloe vera como um produto regularizado, por constar o número de registro do estabelecimento no MAPA. A informação do número de registro do estabelecimento constante da rotulagem não se constitui em infração sanitária, visto que de acordo com a legislação desse Ministério as empresas devem colocar essa informação no rótulo. No entanto, a comercialização do produto suco de Aloe vera está irregular, pois o ingrediente utilizado necessita de avaliação da segurança de uso pela Anvisa prévia a comercialização.
A avaliação da segurança de uso prévia a comercialização de novos alimentos e novos ingredientes é um procedimento legal estabelecido pela ANVISA na Resolução n. 17/1999. Os produtos classificados como novos alimentos e ou novos ingredientes, de acordo com a Resolução n. 16/1999, devem seguir esse procedimento.
A necessidade de uma avaliação de segurança fundamentada cientificamente é reforçada pela ampla literatura científica disponível que relata diversos efeitos adversos induzidos pelo consumo de produtos ditos “naturais” que não foram submetidos a uma avaliação de segurança criteriosa.
Atualmente não há produtos a base de Aloe vera aprovados na área de alimentos pela Anvisa, visto que as evidências científicas encaminhadas foram insuficientes para comprovar a segurança de uso. Ademais, observa-se ausência de estudos toxicológicos adequados, bem como falta de padronização ou especificação adequada do ingrediente. Apesar de haver histórico de consumo como fitoterápico, esse está limitado ao uso tópico.


Discussão

Em uma busca na literatura existente sobre a Aloe vera, percebemos que há um número muito maior de alegações sobre o risco do consumo interno dessa planta, quando comparado a, por exemplo, o consumo tópico. Este aspecto, provavelmente, foi o responsável pela decisão da ANVISA.
A grande questão é que o uso tópico desta planta, apesar de menos batido, também pode apresentar riscos. Então, poderíamos pensar que em vez de proibir o consumo via oral e permitir o consumo tópico, por exemplo, deveria haver um controle de como é feito o consumo. Políticas educativas devem ser sempre realizadas, de forma a despertar no consumidor o bom senso frente a escolha de seus alimentos ou cosméticos.
Vejam bem, os riscos da babosa estão calcados no consumo interno de sua seiva ou casca. Daí, se mal manipulada, a babosa como alimento apresenta-se contaminado com componentes que podem sim oferecer riscos. Por que não fiscalizar a produção da Aloe vera? E, o gel de babosa? Quando administrado sobre feridas pode haver absorção sistêmica maléfica ao indivíduo? Como controlar isso? Parece-me que se a preocupação dos Órgãos Fiscalizadores é com a saúde dos indivíduos, muitas outras ações além da proibição de um consumo tão específico devem ser tomadas. Mas, é claro que esta primeira ação é uma tentativa importante de tentar impedir que os consumidores sejam expostos a riscos. A toxicologia da Aloe vera ainda não foi sistematicamente estudada. Os estudos toxigenéticos são importantes na investigação de provável indução de danos genéticos. Sabe-se que tanto o antraceno como a antraquinona, compostos presentes na Aloe vera, são mutagênicos (agente físico, químico ou biológico que, em exposição às células, pode causar mutação). Além disso, a Aloe vera apresenta produtos de biotransformação potencialmente tóxicos, assim não possuem efeitos somente imediatos e facilmente correlacionados com sua ingestão, mas também efeitos que se instalam em longo prazo e de forma assintomática, podendo levar até a um quadro clínico severo, algumas vezes fatal.
Por essas razões, frente ao exposto, podemos concluir que pode sim haver uma necessidade e justificativa super plausível para essa decisão da ANVISA. No entanto, muitas outras questões ainda devem ser trabalhadas em cima desse assunto e deve-se pensar muito em cima das formas cuja comercialização é permitida.

Referências bibliográficas


BACH, D. B; LOPES, M. A. Estudo da viablidade econômica do cultivo da babosa (Aloe vera L.) - Ciênc. agrotec., Lavras, v. 31, n. 4, p. 1136-1144, jul./ago., 2007

SILVA et al - Substâncias bioativas de origem vegetal no tratamento da psoríase -ISSN 1806–7409 - Publicado pela ESFA [on line] http://www.naturezaonline.com.br on line 9 (3): 124-128. 
Bottenberg MM, Wall GC, Harvey RL, Habib S. Oral Aloe vera-induced hepatitis. Ann Pharmacother 41(10):1740-3, 2007.

ANVISA. Informe Técnico n. 27, de 15 de junho de 2007. Orientações sobre os documentos necessários para avaliação do risco e segurança das espécies vegetais para uso em bebidas não-alcoólicas. Disponível em: www.anvisa.gov.br/alimentos/informes técnicos. Acesso em: 18 de dezembro de 2011.

Curciarello J, Ortúzar S, Borzi S, Bosia D. Hepatitis aguda grave associada al consumo de te de Aloe vera. Gastroenterol Hepatol 31(7):436-8, 2008.

Conforme liberação da ANVISA, ( Informe Técnico n. 27, de 15 de junho de 2007 ), a Forever Living é a única empresa autorizada a vender produtos a base de Aloe Vera/Babosa ESTABILIZADA em todo o Brasil. 


 


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